sexta-feira, 18 de julho de 2008

Batman - O Cavaleiro das Trevas

Batman Begins, como o nome já deixa bem claro, era uma promessa de um início e não uma ressureição ou volta. Era uma quase ordem para que se esquecesse os filmes de Tim Burton e nem se preocupasse com o que foi cometido por Joel Schumacher. O papo ali era sério. O intuito era mostrar um Homem-Morcego de verdade, em um mundo como o nosso, cheio de corrupção, gente falsa e gananciosa e uma alma disposta a mudar tudo isso.

Agora, acabou o papo do "Era uma vez...". Bruce Wayne (Christian Bale) está de volta a Gotham City mais rico e poderoso do que nunca. E o Batman já deixou de ser apenas um mascarado para se tornar um fio de esperança para a cidade e um enorme perigo para os criminosos.

Quando Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008) começa, o herói está formado, amadurecido. E isso tem suas conseqüências: 1. O crime organizado se mobiliza com um objetivo em comum: destruí-lo; 2. Pessoas sem treinamento se fantasiam inspirados nos atos de bravura do herói; 3. Surgem malucos dispostos a desbancá-lo por ganância ou simples vontade de ver o circo pegar fogo.

Esta última definição obviamente é uma descrição simples e rápida do maior nêmesis do Cavaleiro das Trevas, o Coringa (Heath Ledger em seu trabalho completo). O personagem criado pelo australiano é um psicopata, assassino sem dó, anarquista que só pensa em uma coisa: criar o caos. Do jeito de andar à forma como ele fala e age, tudo contribui para que não haja qualquer comparação com as versões anteriores do Palhaço do Crime. Pistolas com bandeirinhas escrito "BANG"? Isso é coisa de menininho de 4 anos. O truque agora é fazer lápis desaparecer. E por isso vale o alerta: crianças, fiquem em casa, porque o novo Coringa dá medo!

E ele não vem sozinho como o único novato à série. Do lado oposto surge um "Cavaleiro Branco", o promotor de Justiça de Gotham City, Harvey Dent (Aaron Eckhart). Lutando com as armas que têm em mãos, Dent vai trabalhando duro para se tornar um herói sem máscara, símbolo de uma luta que pode, sim, ter fim, se todos acreditarem e fizerem o que é certo. Seu discurso e suas atitures levaram para o seu lado a jovem assistente da promotoria Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal substituindo e melhorando o que havia sido feito pela sem-graça Katie Holmes no primeiro filme), o tenente Jim Gordon (Gary Oldman) e até mesmo o verdadeiro Bruce Wayne, que nada tem a ver com o playboy festeiro criado como disfarce ideal para o defensor de Gotham.

Para contar as histórias de tantos persongagens do jeito que queria, o diretor Christopher Nolan, que assina o roteiro ao lado do seu irmão, Jonathan, criou um filme que algumas pessoas podem julgar longo, 152 minutos. Mas a verdade é que as mais de duas horas e meia de projeção parecem pouco em um filme que não diminui o ritmo e vai emendando um suposto clímax em algo ainda mais grandioso e dramático. Duas cenas, aliás, merecem destaque especial: o desfecho da cena do hospital e a seqüência do caminhão. Nada de computação gráfica: tudo aconteceu de verdade e foi captado pelas câmeras em um único take que não permitia segundas tomadas. O realismo a que Nolan gosta tanto de falar, vai além de buscar personagens reais. Ele cria também situações reais e que deixam qualquer um de boca aberta.

Não só isso! Nolan parece que ouviu as críticas ao filme anterior e tratou de suavizá-las. Esqueça o alívio cômico protagonizado por Alfred (Michael Caine). Há algumas falas engraçadas, mas sempre dentro de um contexto.

Cansou de ler tantos elogios? Então saiba que Batman - O Cavaleiro das Trevas não é perfeito. Ele tem um defeito enorme: vai ser difícil fazer algo melhor para o personagem. Mas não impossível. Nada é impossível quando se tem dinheiro, técnica e obstinação. Boa sorte, Bruce. Boa sorte, Christopher!

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